Eu era para publicar um texto sobre um livro que li, mas os atentados de Paris, que demonstraram mais uma vez os níveis selvagens a que o fanatismo religioso chega, obrigam-me a precipitar este texto que também já tinha na calha.
Em muitos dos debates religiosos, quer estrangeiros quer portugueses, a que costumo assistir em que está presente um defensor da religião Islâmica (e agora têm havido muitos devido ao Estado Islâmico e, mais recentemente, por causa dos atentados de Paris), um dos argumentos "de algibeira" destes apologistas é dizer que a maioria dos muçulmanos são pessoas pacíficas, e como tal, não devíamos tratar os extremistas como verdadeiros muçulmanos pois isso passa uma imagem negativa e falsa do que é o Islão.
Pois bem, uma vez que o Islão tem diversas interpretações e escolas, não parece que haja alguém com o direito de definir o que é ou não o verdadeiro Islão. Eu tenho a minha opinião, mas se uma pessoa decide proclamar-se muçulmana, quem sou eu para dizer que ela não o é. Eu prefiro analisar a questão por números.
Estima-se que existam actualmente cerca de 1800 milhões de muçulmanos no mundo, o que corresponde a cerca de 1/4 da população mundial. A maioria destes é, de facto e indubitavelmente, pacífica. Estima-se que os radicais islâmicos sejam entre 15 a 25% do total, pelo que na pior das hipóteses, 75% dos muçulmanos são pessoas pacíficas.
O problema é que 15 a 25% quer dizer 270 a 450 milhões de pessoas empenhadas em destruir a civilização ocidental. São mais que a população dos EUA. Porque devemos preocupar-nos com os radicais? Porque são estes que matam, decapitam, explodem, etc.
Quando olhamos para a história da humanidade, a maioria dos alemães era pacífica, mas os Nazis mataram milhões, a maioria pacífica foi irrelevante.
A maioria dos russos eram pacíficos, mas as tropas do Estaline mataram milhões, a maioria pacífica foi irrelevante. A maioria dos chineses eram pacíficos, mas as tropas de Mao Tse-Tung mataram milhões, a maioria pacífica foi irrelevante.
No dia 11 de Setembro de 2001 viviam 2,3 milhões de muçulmanos nos EUA. Foram necessários apenas 19 radicais para destruir as Torres Gémeas, atacar o Pentágono, matar quase 3000 pessoas de uma só vez e deixar a América de joelhos. A maioria pacífica foi irrelevante!
Se as maiorias pacificas são irrelevantes na hora de combater os extremistas e impedir os massacres, então também são irrelevantes nos debates.
A minha intenção não é denegrir os muçulmanos, até porque todas as religiões têm crimes no cadastro. Eu sou ateu por definição, mas cada vez que acontece uma destas situações me sinto mais anti-teísta. Porquê? Porque actualmente a religião só tem desvantagens.
Ainda ouvi pessoas a dizer que o jornal Charlie Hebdo estava a "brincar com o fogo" pois já se sabe que existem fanáticos. Essa perspectiva enoja-me. Pior que o ataque à liberdade de expressão é a censura mental de não termos coragem de publicar o que queremos ou ter medo de dizer o que pensamos. Não quero saber de religião é, ou de onde vem, ninguém tem o direito de matar por se sentir ofendido por uns desenhos, e se o fizer a culpa é só e exclusivamente sua, não das vítimas.