"Nós somos vida das gentes e morte de nossas vidas."
(Gil Vicente, Auto da Barca do Purgatório)
"Quanto mais alto é o estado, tanto mais se é obrigado a todos dar bom exemplo, (...) para todos manso e humano. (...) Antes morto que tirano, antes pobre que mundano, como foi vossa pessoa."
(Gil Vicente, Auto da Barca da Glória, O Diabo ao Papa)
"Mestre...depois de pai, é o nome mais nobre e mais doce que um homem pode dar a outro."
(Edmundo de Amicis, Coração)
"Na pobreza ainda conservamos a dignidade dos nossos sentimentos inatos, mas na miséria nunca, nem ninguém. Na miséria não nos correm com um pau, varrem-nos à vassourada da companhia humana, para que seja ainda mais insultuoso; e é justo, já que na miséria eu estou pronto a ser o primeiro a insultar-me a mim próprio."
(Fiódor Dostoiévski, Crime e Castigo)
"As almas, por maiores que sejam, são capazes dos maiores vícios, assim como das maiores virtudes, e aqueles que caminham muito lentamente podem ir mais longe, se seguirem sempre o caminho direito, do que aqueles que correm e dele se desviam."
(René Descartes, Discurso do Método)
"Talvez a infelicidade seja o continuum no qual se move a vida humana, e a alegria apenas uma série de clarões, de ilhas no meio da corrente. Ou, senão infelicidade, pelo menos a melancolia..."
(Salman Rushdie, Os Versículos Satânicos)
"As pessoas cultas reconhecem o absurdo desta doutrina que, por condescendência com a gente simples, continuam a aplicar."
(Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver)
"Pode tolerar-se que alguém guarde veneno em casa, mas não que o venda como remédio."
(Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver)
"Em nenhum caso de simples preconceitos, pró ou contra, podemos deduzir inferências com absoluta certeza, mesmo a partir dos dados mais simples."
(Edgar Allan Poe, Narrativa de A. Gordon Pym)
"Sofremos muitas vezes bastante, para termos o direito de nunca dizer: sou demasiadamente feliz."
(Alexandre Dumas, A Túlipa Negra)
"A descoberta consiste em ver o que todos viram e em pensar o que ninguém pensou."
sábado, 20 de agosto de 2016
Coisas que me irritam solenemente 1: Música alta em público
Com certeza já deve ter acontecido a toda a gente:
Vamos nós muito bem na nossa vida no comboio ou no autocarro e entra um gajo com o telemóvel a tocar musica brasileira com o volume no máximo. Longe de a desligar ou pelo menos baixar o som, dando de barato que talvez a tivesse alta porque o ruído de fundo na estação era muito e que agora que se encontrava num local fechado já não havia necessidade, o gajo até pousa o telemóvel no banco do lado com a coluna para o ar, esforçando-se ao máximo para que a cacofonia se espalhe pela carruagem/veículo.
Outra: Vamos a sair de casa às 8:00 da matina para ir para a escola, trabalho, etc. passa um gajo num Renault Clio todo quitado com as quatro janelas completamente abertas e a tocar Skrillex ou a banda sonora do Velocidade Furiosa no volume máximo.
Os indivíduos responsáveis são desde logo especiais! Pertencem a uma classe de burros que, não obstante conseguirem manusear um smartphone e pôr um carro a andar (note-se que não disse conduzir), nunca aprenderam a utilizar phones nos ouvidos.
Mas eu gosto de tentar pôr-me na cabeça das pessoas e imaginar o que elas estão a pensar. Neste caso, parecem-me existir apenas quatro possibilidades:
1 - Acham que o seu gosto musical é fantástico e que todos os presentes o reconhecem. Como tal, está a fazer um serviço público ao tornar uma viagem monótona e rotineira numa experiência muito mais agradável.
2 - Apetece-lhe ouvir a sua musica em altos berros e fá-lo. Nem se lhe ocorre que possa estar a incomodar os outros. É completamente inconsciente quanto à forma de se comportar em sociedade.
3 - Apetece-lhe ouvir a sua musica em altos berros e fá-lo. Apesar de saber que está a incomodar os outros, está-se a marimbar para eles. Deste podemos deduzir que se baldou às aulas de formação cívica na escola e/ou não as teve em casa.
4 - Estão zangados com a sociedade porque a sua namorada os deixou, o seu canário morreu, o seu clube perdeu ou o governo vai aumentar os impostos, etc. então, como vingança à sociedade, decide sacrificar os seus tímpanos para incomodar os restantes. Por razões óbvias, esta razão é a mais estúpida, e, diria eu, a mais improvável.
No caso do indivíduo do Renault Clio, podemos admitir uma quarta hipótese: ao quitar o seu veículo, instalou umas colunas novas que o enchem de orgulho e por isso faz questão de as mostrar a toda a gente que vai na rua, mesmo que isso signifique uma forte dor de cabeça por ir a ouvir música tão alto logo de manhã. A lógica é a mesma da de uma criança que tem um brinquedo novo e não consegue simplesmente apreciá-lo para si, tem de ir exibi-lo às outras crianças.
Vamos nós muito bem na nossa vida no comboio ou no autocarro e entra um gajo com o telemóvel a tocar musica brasileira com o volume no máximo. Longe de a desligar ou pelo menos baixar o som, dando de barato que talvez a tivesse alta porque o ruído de fundo na estação era muito e que agora que se encontrava num local fechado já não havia necessidade, o gajo até pousa o telemóvel no banco do lado com a coluna para o ar, esforçando-se ao máximo para que a cacofonia se espalhe pela carruagem/veículo.
Outra: Vamos a sair de casa às 8:00 da matina para ir para a escola, trabalho, etc. passa um gajo num Renault Clio todo quitado com as quatro janelas completamente abertas e a tocar Skrillex ou a banda sonora do Velocidade Furiosa no volume máximo.
Os indivíduos responsáveis são desde logo especiais! Pertencem a uma classe de burros que, não obstante conseguirem manusear um smartphone e pôr um carro a andar (note-se que não disse conduzir), nunca aprenderam a utilizar phones nos ouvidos.
Mas eu gosto de tentar pôr-me na cabeça das pessoas e imaginar o que elas estão a pensar. Neste caso, parecem-me existir apenas quatro possibilidades:
1 - Acham que o seu gosto musical é fantástico e que todos os presentes o reconhecem. Como tal, está a fazer um serviço público ao tornar uma viagem monótona e rotineira numa experiência muito mais agradável.
2 - Apetece-lhe ouvir a sua musica em altos berros e fá-lo. Nem se lhe ocorre que possa estar a incomodar os outros. É completamente inconsciente quanto à forma de se comportar em sociedade.
3 - Apetece-lhe ouvir a sua musica em altos berros e fá-lo. Apesar de saber que está a incomodar os outros, está-se a marimbar para eles. Deste podemos deduzir que se baldou às aulas de formação cívica na escola e/ou não as teve em casa.
4 - Estão zangados com a sociedade porque a sua namorada os deixou, o seu canário morreu, o seu clube perdeu ou o governo vai aumentar os impostos, etc. então, como vingança à sociedade, decide sacrificar os seus tímpanos para incomodar os restantes. Por razões óbvias, esta razão é a mais estúpida, e, diria eu, a mais improvável.
No caso do indivíduo do Renault Clio, podemos admitir uma quarta hipótese: ao quitar o seu veículo, instalou umas colunas novas que o enchem de orgulho e por isso faz questão de as mostrar a toda a gente que vai na rua, mesmo que isso signifique uma forte dor de cabeça por ir a ouvir música tão alto logo de manhã. A lógica é a mesma da de uma criança que tem um brinquedo novo e não consegue simplesmente apreciá-lo para si, tem de ir exibi-lo às outras crianças.
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