sábado, 30 de setembro de 2017

Células estaminais embrionárias

Excerto de O Fim da Fé de Sam Harris a propósito da pesquisa de células estaminais (pp.183-184):

"Sabemos que se pode aprender muito com a investigação das células estaminais embrionárias. (...) Isto permitiria sem dúvida lançar uma nova luz sobre algumas situações clínicas, como o cancro e os defeitos de nascença (...). Sabemos ainda que a investigação das células embrionárias requer a destruição de embriões humanos na fase em que este é constituído por 150 células. Não temos a mais pequena razão para acreditar, no entanto, que tais embriões tenham a capacidade de sentir a dor, sofrer, ou aperceber-se da perda de vida seja de que maneira for. O que é indiscutível é que existem milhões de seres humanos que têm, efectivamente, tais capacidades, e que sofrem frequentemente de lesões traumáticas no cérebro e na espinal medula. Outros milhões que padecem das doenças de Parkinson e de Alzheimer. (...) Sabemos que as células estaminais embrionárias prometem ser uma fonte renovável de tecidos e de órgãos que pode aliviar consideravelmente estas formas de sofrimento num futuro não muito distante. 
(...) vivemos hoje num mundo em que políticos com formação universitária colocam entraves a tais investigações porque estão preocupados com o destino de células individuais. A sua preocupação não é apenas que um conjunto de 150 células possa sofrer a sua própria destruição. Mais do que isso, acreditam que mesmo um zigoto humano deveria ser objecto de todas as protecções devidas a um cidadão plenamente desenvolvido. Todavia, perante os avanços recentes na biologia da clonagem, o mesmo se poderia dizer de todas as células do corpo humano. A julgar pelo potencial de uma célula, de cada vez que o presidente coça o nariz incorre numa eliminação diabólica de células. 
(...) Em termos neurológicos, decerto que provocamos mais sofrimento neste mundo por matarmos uma mosca do que por matarmos um blastocisto, para já não falar de um zigoto (afinal, as moscas, só no cérebro, têm cem mil células). Claro que o ponto em que adquirimos a nossa humanidade e a nossa capacidade para sofrer permanece uma questão em aberto. Mas qualquer pessoa que insista dogmaticamente dizendo que a emergência de tais características deve coincidir com o momento da concepção não contribui em nada para este debate, a não ser com a sua própria ignorância."     

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