domingo, 7 de setembro de 2014

Analisando a Bíblia

Decidi começar uma nova série ou rubrica aqui no meu canal: Analisar, livro a livro, a Bíblia. 

A Bíblia é um livro que li e que continuo a ler, certas partes e saltitando, de tempos a tempos. Poderá, à primeira vista, parecer estranho que um ateu se interesse por ler um livro sagrado que inclusive muitos dos seus seguidores nem sequer lêem. 

Pois, a verdade é que, mesmo sendo eu ateu, não posso negar o facto de ser de longe o livro que mais influência teve na história da humanidade e só por isso já merece ser lido por todos, especialmente na nossa cultura ocidental, pois como se pode entender a história e a cultura se não se tiver pelo menos umas luzes do que trata este livro? 
Milhões de pessoas morreram e continuam a morrer pelo que está escrito neste livro, decisões políticas e formas de pensar são influenciadas, milhões de pessoas vivem a sua vida baseando-a na interpretação que têm deste livro, portanto seria até algo ignorante de qualquer pessoa que queira ver o mundo "com olhos de ver" não querer saber minimamente o que lá está escrito.

Dito isto, não quer obviamente dizer que atribuo qualquer valor autoritário ou até verídico ao que está escrito na Bíblia. Ou seja, não considero que algo seja verdade só porque ali está escrito. Citar a Bíblia ou o Harry Potter a mim, tem o mesmo valor autoritário, ou seja nenhum. Ler a Bíblia não faz uma pessoa cristã, da mesma maneira que ler o Alcorão (como também já fiz) não faz uma pessoa muçulmana. Para mim a Bíblia é quase uma espécie de livro de mitologia e alegoria como a Odisseia de Homero ou a Eneida de Virgílio, embora sejam obviamente muito diferentes. 

A minha análise consistirá em indicar passagens específicas do livro e a minha interpretação, seja assinalar as contradições e o ridículo no contexto do mundo real, quer no contexto da história que está a ser contada. Não farei o resumo da história porque isso seria um tédio. Eu indico as passagens por isso se alguém estiver interessado em saber se aquilo está realmente escrito na Bíblia vá ler por si próprio. 

É realmente curioso. Vários inquéritos feitos, inclusive nos EUA um país muitíssimo cristão, demonstraram que os ateus em média têm muito mais conhecimento bíblico que os próprios crentes (muitos pouco mais sabem que a história do nascimento de Jesus). Isso é explicado por dois factores: 
1.º - Os ateus estudam os argumentos apresentados para melhor exporem e defender a sua posição e conhecer a Bíblia ajuda imenso.    
2.º - A maioria dos ateus são antigos crentes que se tornaram ateus precisamente por se dedicarem a um estudo mais exaustivo do seu livro sagrado. Ler a Bíblia do inicio ao fim, por si só, sem a ajuda de ninguém nas interpretações e que pense de forma honesta e objectiva, dificilmente chega ao fim a pensar que aquilo são as palavras de Deus, tal é o número de contradições, incoerências e atrocidades.

Poderá, em certas alturas, parecer um pouco ridícula a interpretação literal que faço de certas passagens (por exemplo, a cobra que enganou Eva falava mesmo?). Eu tenho noção que muitas destas histórias são apenas alegorias com mensagens morais. Quando leio uma história como o Harry Potter (sempre um bom exemplo) não me preocupo em saber se aquilo podia acontecer realmente ou se vai contra as leis da física, etc. Então porquê aplicar este rigor à Bíblia? Simples: porque há muita gente (felizmente cá em Portugal não tanta como isso) que acredita literalmente no que está escrito na Bíblia da primeira à última página como se aquilo fosse realmente a história do mundo. Há pessoas que tentam racionalizar maneiras de tornar plausíveis as histórias claramente fictícias ali tratadas (existe um museu criacionista nos EUA por exemplo). Se fosse simplesmente uma questão de alguns malucos que querem acreditar que houve mesmo uma cheia que inundou o mundo inteiro ou que temos várias línguas por causa da torre de Babel ou que a Terra só tem alguns (6) milhares de anos não haveria grande problema. O problema reside no facto de muitos deste "malucos" terem grande poder político e legal e fazerem coisas como proibir que se ensine a teoria da evolução nas aulas de ciências das escolas básicas e obrigar que se ensine ás crianças estas histórias como facto. A essas pessoas não pode ser dada a liberdade de impor as suas crenças pseudo-cientificas aos outros e muito menos ás crianças que são muito mais sensíveis à indocrinação.        

Para terminar, indico a Bíblia que estou a utilizar: 
"A Bíblia para todos" - Edição Católica, traduzida pela Sociedade Bíblica de Portugal, publicada pela Paulinas (com edição da Loja Bíblica Editorial) 2010.

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